Fortaleza, 12 de setembro de 2015, fazia meses que não
juntava os amigos para irmos a um show de Hardcore, existia certa expectativa
sobre esse evento logo que foi anunciado já que a atração principal era o
Display, banda que fez parte da nossa adolescência nesse cenário alternativo,
que hoje, como em qualquer lugar de nosso país, respira através de aparelhos.
Chegamos cedo ao local, talvez os primeiros, mas decidimos
dar uma volta, tomar umas cervejas em outro ponto do centro cultural Dragão do
Mar. Tínhamos expectativas de conhecer o Let’s Go Rock Bar, casa aberta
recentemente que hospedará nos próximos meses as apresentações do Millencolin,
Dead Fish e Switch Stance, e fomos surpreendido, o local é bastante organizado e
com um clima agradável, pra quem viveu a era Hey Ho Rock Bar, ter algo nessa
estrutura é de encher o peito de orgulho.
Infelizmente acabamos
se atrasando um pouco no retorno e perdemos a apresentação da Voris Vulgar,
banda que ainda não tive a possibilidade de ver ao vivo e que passou por uma
situação trágica após o show, o veiculo com o material dos caras foi levado na
madrugada após a apresentação o que compromete
a finalização do disco da Lemori, já que alguns integrantes fazem parte
de ambas as bandas, mas já existe uma
movimentação de ajuda nas redes sociais para arrecadar e ajudar na compra de novos instrumentos.
A segunda banda foi a RUEMAI, que tinha conhecido dias antes
do evento ao me contarem que os caras já tinham disponibilizado um álbum no
Bandcamp chamado, Som Ritmo Caminho, sim sem virgulas! O som dos caras é bem agradável, sinto
influencias de bandas como Jimmy Eat World ou algo bem nesse nível entre o Emo
e o Rock Alternativo, faixas como "De
volta ao Preto", "Perdoa" e "Me solta" funcionam muito bem ao vivo e de fácil agrado
se você estiver acompanhado de alguém que não conhece o Hardcore ou se estiver
apresentando a cena pra uma pessoa ainda leiga.
A terceira apresentação da noite foi da Faina, que estava há nove meses fora dos palcos, entrou cheia de gás abrindo logo com “Anulando Óbvio”, música que mostra bem
a energia e identidade da banda, seguida por “Dualismo”, uma porrada no ouvido com uma letra direta sobre
escolha de lado e suas consequências, acalmando um pouco o inicio da
apresentação, a banda executou “Admirável
Ego”, letra reflexiva com uma pegada
mais desacelerada, toda vez que a escuto fico com fragmentos da musica na cabeça por um tempo, talvez pelo
refrão ser de fácil assimilação, dando continuidade, a banda tirou o pé do
freio outra vez e mandou “Modus Operandi”,
minha canção favorita dos caras, seguidas por “Um brinde”, “Metanóia”, “Espada e Escudo” e “Imagem”, canção mais antiga
executada neste show, ainda deu tempo de apresentar uma nova música
chamada “Crer e Ser” que
possivelmente estará no próximo álbum da banda. Quem conhece o vocalista Iago Barreto sabe que
o cara respira isso, é possível sentir que pra ele se tornou necessidade
demonstrar a intensidade do Hardcore, o que dá um gás nas pessoas que estão em
sua volta, ajudando a cena respirar sem uso de máquinas por algum tempo.
Chegou então a vez do Display, tinha decidido minutos antes
recuar um pouco e assistir a apresentação dos caras com os amigos, mas não deu,
a banda abriu com a faixa “Voltar a Ser”
e antes do término do primeiro refrão, a nostalgia já tinha tomado conta de mim
e já estava dentro da primeira tentativa de formação de um mosh pit, as faixas
seguintes foram “Lembrar me faz sofrer”
e “Um dia pra sonhar”, nessa altura o
quarteto já tinha capturado boa parte do pessoal que estava ali, rostos
conhecidos da cena, além de novatos que
com certeza saíram do local com bastante vontade de conhecer o material da
banda, nem as canções mais novas como “Arqui-inimigo”
e “Desapareceu”, que acreditava no
primeiro momento que iria tirar o fôlego, foi capaz de derrubar a vibe já
levantada pela banda.
O vocalista da banda, Tiago Garcia, agradeceu por diversas vezes e se
mostrou surpreendido quando soube que no meio do público havia uma molecada que
tinha formado banda cover do Display tempos atrás, convidando um dos integrantes
para dividir um dos momentos da apresentação.
Outro momento foi a participação do Maurilio Fernandes,
vocalista da Switch Stance/Rocca Vegas, que subiu ao pouco e juntos cantaram "Me Diz", canção acompanhada pelo publico local.
O show foi bem equilibrado em relação a escolha do repertório variando bem entre os dois álbuns da banda, "Buscando a razão", "Problemas", "Tentar Esquecer", "Agora eu sei", "O único a Me Machucar" e "Paz", que seria a ultima música do show se o publico não tivesse pedido mais e assim meu amigo teria acertado o fechamento do setlist, mas os caras mesmo esgotados decidiram atender o público e concluiram a noite com "Projeto Inacabado", mostrando que esse retorno da Display não foi em vão, que toda energia interrompida cinco anos atrás quando a banda parou, se acumulou e está sendo utilizada da melhor forma possível, contagiando de nostalgia quem viveu e quem está prestes a começar.
Contribução: Felipe Castro
Fotos: Arthur Henrique/ Light Panic
Fotos: Arthur Henrique/ Light Panic
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