PHCBR entrevista: Mamá, vocalista do Teu Pai Já Sabe?


Após 4 anos em hiato, o Teu Pai Já Sabe?, maior banda brasileira de punk/queercore, voltou aos palcos pra alegria de geral. A banda voltou com tudo e esse ano irá fazer muitos shows em diferentes lugares.

Confiram a conversa que tivemos com o Mamá, vocalista da banda.

Olar seus lindos! Muito feliz com o retorno da banda. Aliás, muita gente conheceu a banda no período do fim/hiato. Então conta pra quem chegou agora ou quem não conhece: como se deu a formação da banda, a escolha do nome Teu Pai Já Sabe?, as influências e tudo mais.
Poxa, obrigado. Nós também estamos mega contentes em estar de volta tocando, viajando, se divertindo. Bom, a nossa  ideia de montar a banda veio do Hugo (baterista). Logo que acabou o Gay-o-hazard e o Política&Purpurina (duas bandas que cantei em Curitiba), o Hugo me encontrou numa boate e veio me chamar pra montar uma banda gay. Já o conhecia dos shows que ele colava, achei a ideia fantástica. Aí falei com o Felipe (baixista) sobre isso (na época fazíamos parte do coletivo "O Marinheiro") e ele me disse que estava tendo umas aulas de baixo. Como sempre fomos muito amigos chamei ele na hora. Aí o Sete (Setembrina) caiu como uma luva: ela ia só dar uma "forcinha"e acabou que está com a gente até hoje, aloka.
O nome da banda quem deu foi o Claudio (um amigo nosso de Curitiba), ele tinha ido até San Francisco e tinha uma sex shop com esse nome. Aí ele me falou e eu guardei esse nome pra sempre. Nossas influências vão de hardcore americano ao punk rock brazuca que amamos. Gostamos de muita coisa fora do punk , muita mesma. Mas eu sempre vejo a nossa banda como algo descontraído, animado, pra festejar, brincar, se abraçar, aquendar os babados também né.
Então, quando forem aos nossos shows sintam se beeeeeem a vontade, ok?




Como foi esse retorno? Muita gente ficou pedindo, mas não era algo simples, visto que a banda está dividida em 3 cidades.
Exatamente, linde. Foi meio complicada essa volta. Sempre sentimos falta uns dos outros, nos damos mega bem e sabemos que a banda teve a sua importância no meio punk/hardcore. Isso pesava demais e estamos cada um num canto. O legal é que quando estávamos em hiato sempre vinha algum inbox, ou post, ou elogio pra gente... gente, sou bicha velha, bicha emotiva. Ficava feliz e com aquela vontade de voltar, até que um dia conversando com os menines resolvemos voltar e continuar a banda de uma forma mais tranquila.

Vocês tem acompanhado outras bandas nacionais atualmente?
Temos sim. Ficamos felizes em ver o número de bandas crescendo , principalmente banda de meninas. Um dos nossos pedidos depois que voltamos é: sempre ter alguma banda de meninas, bandas que tenham gays, lésbicas, bissexuais ou travestis. Eu fico muito empolgado quando vejo bandas e coletivos LGBTTQI, eu quero mais e mais sempre. Acho valioso e importantíssimo.

Vocês vão tocar no No gods No masters Fest 2018, que além de todo o contexto libertário envolvido, é um festival organizado por amigs próximos de vocês. Qual é a sensação de tocar diretamente nesse meio prático de vivência libertária?
Vai ser incrível demais, meu. Amamos demais aqueles dois [Andreza e Josimas, organizadores do evento], sabe? Nosso segundo disco saiu pela No gods No masters e temos muito orgulho disso. Além do mais são pessoas incríveis fazendo um fest incrível que tem muito a ver com tudo que pensamos. Espero que seja uma grande festa quando tocarmos, quero todo mundo cantando e dançando coagenthy!

Nosso país é bem retrógrado e a população LGBTTQI é constantemente atacada. Como é ter uma banda de queerpunk no Brasil em meio a tudo isso?
As vezes me pego pensando como reagiria a um combate direto a esse respeito. Felizmente nunca nos daparamos com ataques homofóbicos, acredita? Deve ter sim quem fala mal da gente pela net, sei lá, na roda de machos, reaças, enfim, diretamente nunca rolou. Mas isso não faz com que nos calemos não, inclusive a volta da banda teve um peso muito grande nesse sentido. 



E sobre a "cena" queerpunk num geral, tanto aqui no Brasil como no exterior, vocês tem acompanhado a movimentação?
Em relação a "cena" queerpunk eu não tenho parado muito pra ver, confesso. Aqui no Brasil ainda é tudo muito novo e eu acho que o que peca mais são os julgamentos indevidos, as discussões entre nós mesmxs. Isso tem que parar, amadurecer para que criemos forças, entendem? Vejo muita discussão e intrigas que só enfraquecem o meio em que vivemos. E isso eu falo num geral mesmo, parece que não sabem lidar com diversos assuntos internos e aí vira um caos geral.

A cena hardcore/punk parece muito (pra não dizer totalmente) desconectada do meio LGBTTQI, acho que principalmente no que diz respeito a pessoas trans, e também ainda é muito raso o respeito pelas mulheres no meio. Como vocês enxergam essa situação estando dentro desse meio?
Vimos exatamente como descreveu acima, queri. É assim mesmo, não fazem um mínimo de esforço para se discutir sobre isso. Pessoas trans/gays/lésbicas no meio punk ainda são invisíveis, infelizmente. Por isso acho tão importante a discussão sobre o assunto, as bandas, os coletivos, os debates.

Ao longo dos anos tivemos péssimos exemplos de pessoas ligadas ao meio hardcore/punk e também libertário que cometeram ações que não condiziam com seus discursos. Como vocês acreditam que temos que lidar com tais situações e como tentar mitigar isso? Lidar com erros é complicado, e os casos são muito distintos, mas também irmos apenas pelo caminho do punitivismo não é um caminho de fato. O que acha?
Acho que acabei respondendo essa sem querer em alguma pergunta acima ali. Mas assim, acho que o amadurecimento das pessoas em relação a cuidar dos problemas internos só vai fazer com que ganhemos forças. Fico triste demais quando me deparo com algumas atitudes machistas, misóginas, preconceituosas no meio em que acreditamos ser o melhor pra gente. É desanimador, confesso, mas tem que ser falado, discutido e visto de forma bem madura para que não caia num julgamento imaturo sobre.



De 2012 pra frente, vocês tocaram junto e fizeram amizade com as minas da Anti-Corpos, e consequentemente um público feminino maior acabou tendo contato com vocês. Como foi essa tour? Sei que foi bem especial. Vocês sentiram a diferença de público e até talvez em vocês mesmos?
Foi maravilhoso demais ter tocado e conhecido melhor elas. Nós ainda não havíamos nos trombado porque tinha "gente mau intencionada" que fazia de tudo para esse encontro não rolasse. Ainda bem que acabou que nos encontramos da melhor maneira possível, amamos as meninas e a sensação de ter duas bandas na estrada (uma gay e outra lésbica) tocando junto é algo fantástico demais. Somos muito gratos a elas por isso. Nasceu uma amizade linda depois disso.

Podemos esperar algum material novo? hehe
Uhum, podem sim, benhê! Logo menos sai algo bacaninha pra vocês todxs!

Deixem uma mensagem para o público, passem datas (ou quase datas) de shows e desde já, obrigado por responder tudo e saiba que amamos vocês!
Continuem sendo beeeeeeeeeeeem viados, lésbicas, travestis, simpatizantes e vamos juntes combater essa merda de preconceito. Arrasem sempre nos shows, beijem muito, amem muito, sejam felizes. Amamos o calor humano dos shows!

Próximas datas de shows:

 25 de fevereiro em Curitiba - fb/evento/149733929042991/
03 de março em São Paulo - fb/evento/191901858198394/
30, 31 de março e 1º de abril na No gods No masters Fest 2018 em Peruíbe  - fb/evento/893453204142123/
26 de abril em Natal/RN
27 de abril em João Pessoa/PB
28 de abril em Recife/PE
29 de abril em Maceió/AL

Teu Pai Já Sabe? é formada pelo Mamá (vocal), Hugo (bateria), Felipe (baixista) e Sete Metros (guitarra).
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About Cainã Rodrigues

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