Descensus – Resenha Faixa a Faixa.
Dentre todas as minhas bandas
favoritas, Circa Survive é a minha
banda mais favorita. Por essa razão, ao
invés de resenhar Descensus no calor
da emoção, esperei a poeira baixar um pouco. Fiz isso para tentar um balanço mais
justo entre o fã e o resenhista. Dilemas
metafísicos à parte, o quinto álbum de estúdio do quinteto da Philadelphia
mostra uma banda madura, entrosada e consciente de suas características mais
fortes. Descensus mostra boa parte do
melhor do Circa Survive com pitadas
de novos temperos, o que é sempre bom ao apresentar uma nova “receita”.
A faixa de abertura e primeiro
single do disco é Schema. Muito
peso, bateria cadenciada, e a voz rasgada de Anthony Green canta “I never want to see clear at all. There's nothing that could be there
now”. De cara, dá pra notar a distorção e o timbre das guitarras com uma
pegada industrial à la Nine Inch Nails que ecoa por todo o
disco. Vale a pena conferir o belíssimo videoclipe para a música.
Em seguida temos Child Of The Desert, a melhor faixa do
álbum em meu modesto julgamento. Um groove lindo, um baixo pesadíssimo, e uma
linha vocal folk. O belíssimo refrão
“All is lost, all will be returned in the end” denota mais uma vez a dialética
sagrado-profano, marca lírica do Circa
Survive.
A terceira faixa é Always Begin. Belos arranjos que lembram o segundo álbum da
banda, On Letting Go e mais um refrão
primoroso.
Who Will Lie With Me Now é um pequeno interlúdio que precede Only The Sun, segundo single do Descensus. É como se a banda tivesse
olhado novamente ao On Letting Go e
mudado exatamente o que eles gostariam de mudar. Circa Survive em sua essência!
Nesting Dolls dá início ao segundo ato do disco com uma quebra de
ritmo. O peso das cordas e bateria dá lugar aos arranjos experimentais e à
melodia que lembra uma canção de ninar.
Quiet Down começa na mesma pegada e conta com diversas mudanças de
clima, lembrando bastante as faixas de Blue
Sky Noise, terceiro disco da banda. Não faltam guitarras industriais
noventistas, principal “tempero” adicionado ao álbum.
Talvez Phantom seja a faixa que fuja um pouco do conceito do Descensus. As guitarras industriais dão
lugar à influência new-age. Pegada anos oitenta e volta às referências de Bjork
presentes no Juturna, debut da banda.
Sovereign Circle, parece ter escapado do Violent Waves, quarto álbum da banda. Se estivesse lá, não
destoaria nada.
O disco encerra com a faixa que
dá título ao álbum. Descensus resume
bem o espírito do disco. Melodias vocais trabalhadíssimas, cordas com distorção
e timbre grave acentuados, bateria marcada e um toque noventista que me lembrou
Album Of The Year do Faith No More. No entanto, fica claro
que a maior influência do Circa Survive
foi o próprio Circa Survive. O flerte
com diversas fases da banda faria do Descensus
um belo álbum de despedida. Fortuitamente, a banda segue firme e forte e
esperamos que outros trabalhos desse quilate venham no futuro!
Nota 9/10
Cold
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