Resenha: Angra - Lançamento do Ømni em São Paulo



No último sábado, 19/05, estivemos presentes no show de lançamento do novo album do Angra, Ømni, em São Paulo. O Show ocorreu no Carioca Club e foi organizado pela Sobcontrole.

Thuata de Dannan

A Abertura do show foi feito pelos mineiros do Tuatha de Dannan, veteranos da cena Folk no Brasil, fizeram um show curto mas bem divertido. O Angra tem algumas influências de folk metal, mas estes caras vivem a coisa!
Tocaram suas músicas mais conhecidas: Believe: It's True!, Tan Pinga Ra Tan e, com certo destaque, The Dance of the Little Ones, que é bem cativante. É um show bem dançante, até quem não conhecia se pegava balançando a cabeça no ritmo deles.

Angra

Para muitos vai parecer uma resenha totalmente fora do contexto do blog, mas quem tem uma imagem de que o Angra ficou estagnado no power metal, vai ter uma bela surpresa ao ver o que a banda anda produzindo.
Com duas décadas de carreira, caminhando para terceira, a banda se sente muito a vontade para experimentar elementos diferentes em sua sonoridade.
O show tem inicio com um típico sampler de instrumental épico, algo comum para a banda, porém fica mais comum no restante do show já que eles não utilizam mais um tecladista ao vivo. Logo de início temos um set bem sortido, misturando seus hits antigos, com as músicas do Ømni. A primeira da noite foi Nothing To Say, chamando o público que respondia em coro e palmas sincronizadas com a música. Dava pra notar que tínhamos muitos fãs de longa data presentes na casa naquela noite. Muitos riffs técnicos e solos virtuosos demarcados por uma cozinha impecável, onde podemos dizer que o jovem baterista Bruno Valverde da um show a parte.


Logo em seguida já temos uma das mais conhecidas pelo público do novo trabalho, afinal foi uma das primeiras a serem divulgadas. O vocalista italiano, Fabio Lione, mostra todo seu carisma no palco e parece já estar super a vontade com a resposta do público. Uma coisa fácil de notar nos shows do Angra é que eles sabem a hora certa de chamar os coros e as palmas do público, que também parece saber exatamente a hora certa de interagir com a banda. No meio do show, Fabio até fez a clássica brincadeira de cantar uma escala musical para o público repetir.
O show segue com Angels and Demons, colocando riffs mais pesados e harmonias mais ricas e complexas, dignas de um show do G3 (Não oficina G3 haha). Dá pra perceber que o Angra faz algumas músicas que funcionam melhor ao vivo e outras que são mais voltadas para a performance da banda, que interage mais entre si, o que não deixa de ser ótimo para quem assiste.


Acid Rain foi uma das músicas que mais agitaram na noite, por ser um dos maiores hits e uma das músicas que tem mais a cara do Angra. Quando eu digo mais a cara do Angra, é devido ao fato do que eu falei no início: o Angra evoluiu e abraçou diversas influências novas, em certo ponto do show, eu comecei a achar uma banda moderna demais desde o último show que presenciei deles (tudo bem que fazem mais de dez anos), mas no miolo do show, onde reinaram as músicas dos trabalhos mais recentes, pudemos ver até riffs de Djent e alguns Breakdowns (ótimos, diga-se de passagem) que mostram que o Angra anda antenado nos novos segmentos que andam surgindo no metal moderno.
Nestas músicas que foram feitas pela formação atual da banda, podemos destacar a cozinha: O baterista Bruno Valverde tem muita técnica. Ele consegue encaixar os contratempos de maneira muito fluída, que não fica difícil de se digerir numa primeira ouvida. Por ser uma banda muito técnica, é de se apreciar que não toquem apenas músicas que só outros músicos vão apreciar. Bruno também mostra muitas influências de Jazz (Inclusive toca com as baquetas na posição de Jazz, algo muito raro de se ver em música pesada) e ritmos brasileiros. Ele fez um solo de bateria que deixou o público de boca aberta.


O Felipe Andreolli também faz um trabalho incrível no baixo, sendo que em algumas músicas a levada principal é feita como se o próprio baixo fosse a base da música. Um exímio mestre nas técnicas de pizzicato e two hands no baixo, não tem como não parar para elogiar este cara.


Aproveitando para elogiar os músicos individualmente, não tem como não falar dos guitarristas. Todas as músicas são bem harmonizadas, os solos e duetos são bem distribuídos e eles tem uma presença de palco bem enérgica (a banda toda tem). Marcelo Barbosa parece não ter sentido o peso de ser substituto do Kiko Loureiro (atualmente no Megadeth) e o Rafael Bittencourt tem um protagonismo maior na fase atual da banda, em algumas músicas inclusive ele faz o vocal principal, fazendo inclusive os tons mais agudos nos duetos vocais com o Fabio Lione, além das partes de violão que ficam muito bonitas nas passagens das músicas.


O Fabio é bem carismático. Ele interagiu com o público em português, embora eu ache que ele não é totalmente fluente na língua. Ele remediou bem isso quando disse: Eu vou falar menos, aí da tempo para a banda tocar mais.


Um dos pontos altos da noite, deve ter sido Black Widow's Web. A música que causou alvoroço pelas participações da Sandy e da Alissa White-Gluz. Como elas não estavam presentes no show, o Rafael Bittencourt fez a parte da Sandy e o Fabio Lione fez os guturais da Alissa. A música funcionou bem ao vivo, embora os guturais da Alissa tenham feito falta (e muita, mas não da pra culpar o Fabio, a característica vocal dele é totalmente diferente).
Silence Inside mereceu destaque pelo solo mais feeling da noite, mas a cereja do bolo foi Ego Painted Grey. Uma música da época do Edu Falaschi, mas que parece que estava com uma sonoridade bem mais agressiva ao vivo. A afinação das guitarras estava mais grave (7 cordas talvez, não consegui identificar de onde eu estava), e foi neste momento que eu percebi a mudança de sonoridade do Angra não foi uma coisa tão repentina.


O Angra tocou 6 músicas do disco novo, mas tocou pelo menos uma música de cada trabalho. Como era de se esperar, os maiores clássicos da banda vieram no Bis: Rebirth, Carry On e Nova Era encerraram a noite, com destaque para o falsete do Fabio na Carry On, onde ele chegou num tom absurdo. Nessas músicas o público se agitou mais fisicamente e deu até pra ver umas rodas na pista, o que quase não ocorreu no show.
Não tem como negar, foi um ótimo show. A banda tem carisma, tem energia e o principal: soa bem. Para quem ainda tem uma imagem de que Angra é uma banda de metal espadinha, está na hora de dar uma segunda chance para eles, porque eles mesmo já deram uma chance pra música moderna.














Fotos por Fernanda Abreu
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